O Islam e a Metodologia da Tolerância

  • Falar sobre a tolerância no Islam não é falar sobre um pequeno componente da religião, mas sim sobre uma característica fundmental da fé islâmica, porque a tolerância está incluída em cada parte de suas frações, como o seu Mensageiro s disse: “O melhor de sua religião são as suas facilidades”. Compilado por Ahmad e autenticado pelo Albani
    Ele também disse: “A mais amada das religiões para Deus é a monoteísta tolerante.” Compilado por Bukhari
  • O Islam é um método completo de tolerância; é a religião de moderação, onde Deus, Exaltado Seja, diz: “E, deste modo (ó muçulmanos), constituímos-vos em uma nação de centro, para que sejais testemunhas da humanidade, assim como o Mensageiro o será para vós.” Alcorão Sagrado, 2:143

  • O Islam é a religião de tolerância em matéria de política e das relações exteriores. Deus, Exaltado Seja, diz: “Allah nada vos proíbe quanto àqueles que não vos combateram pela causa da religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que lideis com eles com gentileza e equidade, porque Allah aprecia os equitativos.” Alcorão Sagrado, 60:8
  • O Islam é tolerante nas questões sociais gerais. Deus, Exaltado Seja, diz: “Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Allah, é o mais temente. Sabei que Allah é Sapientíssimo e está bem inteirado.” Alcorão Sagrado, 49:13
  • O Islam é tolerante em termos de comportamento e etiqueta. Deus, Exaltado Seja, diz: “Conserva-te indulgente, recomenda o bem e afasta-te dos ignorantes.” Alcorão Sagrado, 7:199
    E Deus, Exaltado Seja, diz: “Que fazem caridade, tanto na prosperidade, como na adversidade; que reprimem a cólera; que perdoam o próximo. Sabei que Allah aprecia os benfeitores.”37 Alcorão Sagrado, 3:134
    E Deus, Exaltado Seja, diz: “Repele (ó Mohammad) o mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti converter-se- á em íntimo amigo!”38 Alcorão Sagrado, 41:34

  • O Islam é tolerante na área de culto. Deus, Exaltado Seja, diz: “Quanto aos crentes, que praticam o bem - jamais impomos a alguém uma carga superior às suas forças, saibam que serão os diletos do Paraíso, onde morarão eternamente.” Alcorão Sagrado, 7:42
  • IO Islam é tolerante no campo da economia. Deus, Exaltado Seja, diz: “Os que praticam a usura serão ressuscitados como aquele que foi perturbado por Satanás; isso, porque disseram que a usura é o mesmo que o comércio; no entanto, Allah consente o comércio e veda a usura. Mas, quem tiver recebido uma exortação do seu Senhor e se abstiver, será absolvido quanto ao passado, e seu julgamento só caberá a Allah. Por outro lado, aqueles que reincidirem serão condenados ao Inferno, onde permanecerão eternamente.” Alcorão Sagrado, 2:275
  • O Islam é tolerante na área de relações. Deus, Exaltado Seja, diz: “E dize aos Meus servos que digam sempre o melhor, porque Satanás causa dissensões entre eles, pois Satanás é um inimigo declarado do homem.” Alcorão Sagrado, 17:53
  • É a religião de tolerância no campo da educação e formação. O Profeta s disse: “Facilitai as coisas; não as dificulteis! Apresentai as boas-novas, e não intimideis os outros.” Compilado por Bukhari e Musslim

As passagens textuais do Islam reafirmam a metodologia de tolerância e conveniência através do incentivo de sua prática, uma realidade presente na comunidade muçulmana ao nível dos indivíduos. O Profeta s disse: “A amabilidade, quando acompanha qualquer assunto, o embeleza, e, quando é retirada de qualquer assunto, tira-lhe o encanto.” Compilado por Musslim
Ainda mais sobre as palavras do Profeta s disse: “Permite que lhe será permitido”. Compilado por Ahmad
Ele d disse: “Allah ama a bondade em todas as coisas.” Compilado por Bukhari e Musslim

Mas, ao nível do grupo como um todo, o Mensageiro de Deus suplica para aquele que for bondoso com a sua comunidade e adotar o método de tolerância e conveniência como instrumento no comando de sua comunidade, dizendo: “Ó Deus, facilite as coisas para o governante da minha comunidade que facilitar as coisas para ela, e dificulte as coisas para o governante da minha comunidade que dificulta as coisas para ela.” Compilado por Musslim

O Islam criou estímulos que pregam a adoção da tolerância tornando-a uma das causas que conduz ao Paraíso e que nos afasta do Inferno. O Profeta s disse: “Quem for fácil, flexível, próximo, Deus lhe vedará o Inferno.” Compilado pelo Hákim e autenticado pelo Albáni

Deve-se saber que a tolerância e a conveniência, especialmente em matéria de culto não visam subverter os propósitos da Lei e da religião, não podem permitir o que é ilícito, nem proibir o que é lícito, ou negligenciar a aplicação das suas disposições e obedecer as suas ordens, ou a alteração dos conceitos islâmicos de moralidade pública, mas a tolerância e a conveniência longe do sofrimento, das dificuldades, de todo pecado e da desobediência. Aicha (que Deus esteja satisfeito com ela) relatou sobre o esposo, o Profeta Mohammad s: “Sempre que eram apresentadas ao Mensageiro de Deus d duas alternativas, escolhia a mais fácil, salvo numa transgressão da Lei, pois nesse caso, era o primeiro a evitá-la. E nunca se vingava por questões pessoais; tão-somente o fazia quando eram violadas as Leis sagradas de Deus. Nesse caso, revidava por Deus.” Compilado por Bukahri e Musslim

Excluem-se disso os casos excepcionais, que têm suas próprias disposições. Vamos tirar algumas imagens da tolerância do Islam em alguns dos seguintes aspectos:

A Tolerância do Islam no Aspecto da Crença:

A crença no Islam é o aspecto fundamental da religião. É a base sem regateio, pois não há religião sem dogma. Por isso, nosso Senhor, Bendito e Exaltado Seja, diz sobre isso: “Allah jamais perdoará a quem Lhe atribuir parceiros; porém, fora disso, perdoa a quem Lhe apraz.” Alcorão Sagrado, 4:48

O aspecto da facilidade na fé islâmica

  • A tolerância do Islam na crença é clara, sem obscuridade e inequívoca, fácil, entendida pelo ignorante diante do mundo, pelo pequeno antes do grande, uma vez que ordena a fé em Deus, adorá-Lo na unicidade, sem atribuir-Lhe nenhum parceiro, sem necessidade de intermediário. Todos conhecem essa doutrina. Não é para determinada categoria sem a outra. Esta doutrina, que deprecia a mente humana que diminui o seu valor, fazendo-a adorar pedra, árvore ou animal. Faz parte de sua facilidade e conveniência ser compreendida pelo beduíno ignorante do deserto, quando perguntado como conhece o seu Senhor, disse com sua intuição: “O estrume do animal indica o camelo e as pegadas no caminho indicam o caminhar. Portanto, a noite escura, a terra com suas estradas e o céu com suas estrelas não indicariam o Onisciente, o Sutilíssimo?”
  • A tolerância do Islam na crença é que obriga todos os seus seguidores a crerem em todos os Mensageiros anteriores e nos livros revelados a eles. Deus, Exaltado Seja, diz: “O Mensageiro crê no que foi revelado por seu Senhor, e todos os crentes creem em Allah, em Seus anjos, em Seus Livros e em Seus mensageiros. Nós não fazemos distinção entre os Seus mensageiros. Disseram: Escutamos e obedecemos. Só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso! A Ti será o retorno!” Alcorão Sagrado, 2:285
  • A tolerância do Islam na crença é que não obriga ninguém a adotá-lo sem convicção ou desejo. Deus, Exaltado Seja, diz: “Não há imposição quanto à religião, porque já se destacou a verdade do erro. Quem renegar o sedutor e crer em Allah, ter-se- á apegado a um firme e inquebrantável sustentáculo, porque Allah é Oniouvinte, Sapientíssimo.” Alcorão Sagrado, 2:256
    E ao fato de que há diferenças entre as pessoas quanto à religião, com a anuência de Deus. Ninguém pode impor às pessoas para que sejam muçulmanas. Deus, Exaltado Seja, diz: “Porém, se teu Senhor tivesse querido, aqueles que estão na terra teriam acreditado unanimemente. Poderias (ó Mohammad) compelir os humanos a que fossem crentes?” Alcorão Sagrado, 10:99
    A quem a convocação do Islam chegar, sua mostra e esclarecimento, então, tem a livre escolha de crença no Islam, com a liberdade humana de aceitar ou rejeitar o que lhe é oferecido. A este respeito, Deus, Exaltado Seja, diz: “Dize- lhes: A verdade emana do vosso Senhor; assim, pois, que creia quem desejar, e descreia quem quiser. Preparamos para os injustos o fogo, cuja labareda os envolverá. Quando implorarem por água, ser-lhes- á dada a beber água semelhante a metal em fusão, que lhes assará os rostos. Que péssima bebida! Que péssimo repouso!” Alcorão Sagrado, 18:29
  • Outro aspecto da sua tolerância é que a pessoa é julgada por Deus por aquilo que faz ou diz, sem as intenções interiores. Ninguém é punido ou responsabilizado pela sua intenção, porque é um assunto íntimo entre a pessoa e seu Senhor. Ninguém, quem quer que seja, pode revelá-lo.
  • A tolerância do Islam na crença, é que na existência de coerção não há constrangimento para alguém declarar o que contraria a sua crença para se livrar da tortura e da situação que o aflige. Deus, Exaltado Seja, diz: “Aquele que renegar Allah, depois de ter acreditado – salvo quem houver sido obrigado a isso e cujo coração se mantiver firme na fé – e aquele que abre o seu coração à incredulidade, esses serão abominados por Allah e sofrerão um severo castigo.” (Alcorão Sagrado, 16:106)
    A fim de que o muçulmano não sofra tormento físico grave, eis o exemplo de Ammar Ibn Yassir d que foi preso pelos politeístas e foi obrigado a insultar o Profeta s e falar bem dos deuses deles. Só então o libertaram. Ele foi ter com o Mensageiro de Deus e este perguntou: “O que você tem para dizer?” Ele respondeu: “O mal, ó Mensageiro de Deus! Só fui libertado quando o insultei e falei bem dos deuses deles.” O Profeta perguntou: "Como está o seu coração?” Ele disse: “Tranquilo na fé”. O Profeta s disse: “Se eles voltarem a obrigá-lo, volte a fazê-lo.” (Compilado pelo Al Hákim)

    Também, como aconteceu com Bilal d. Abdullah Ibn Mass’ud disse: “Os primeiros a revelar a sua conversão ao Islam foram sete: o Mensageiro de Deus Abu Bakr, Ammar e sua mãe Sumaiya, Suhaib, Bilal e al-Miqdad. Quanto ao Mensageiro de Deus Deus lhe destinou o tio Abu Tálib para defendê-lo. Quanto ao Abu Bakr Deus lhe destinou seu povo para protegê-lo. Quanto aos outros, os politeístas se apoderaram deles, colocaram neles armaduras de ferro e os expuseram ao sol. Todos atenderam ao que os politeístas desejavam menos Bilal, porque ele se considerou sem valor pela causa de sua crença em Deus, e foi considerado sem valor pelos seus amos. Entregaram-no às crianças que passeavam com ele nas ruas de Meca, e ele repetindo: ‘Único, Único.” (Hadice autenticado pelo Albani)
  • A tolerância do Islam na crença que libertou a alma humana de devoção a outrém além de Deus quem quer que seja, a um profeta enviado ou a anjo próximo, implantando a fé na alma do muçulmano, sem temer além de Deus, não há ninguém benéfico nem prejudicial além de Deus, ninguém consegue beneficiar ou prejudicar além de Deus, ninguém dá ou priva além de Deus. Ele, Exaltado Seja, diz: “Não obstante, eles adoram, em vez d’Ele, divindades que nada podem criar, posto que elas mesmas foram criadas. E não podem prejudicar nem beneficiar a si mesmas, e não dispõem da morte, nem da vida, nem da ressurreição.” (Alcorão Sagrado, 25:3)
    Tudo está nas Mãos de Deus, Soberano por Execelência. Deus, Exaltado Seja, diz: “E se Allah te infligir algum mal, ninguém, além d‘Ele, poderá removê-lo; e se Ele te agraciar, ninguém poderá repelir a Sua graça, a qual concede a quem Lhe apraz, dentre Seus servos, porque Ele é o Indulgente, o Misericordiosíssimo.” (Alcorão Sagrado, 10:107)
    A fim de evitar qualquer veneração desnecessária em relação a qualquer indivíduo, Allah esclarece que o Profeta Mohammad s com posição e status elevados perante Deus, aplica-se a ele o que se aplica a outros seres humanos. Que podemos pensar dos outros? Allah, Exaltado Seja, diz: “Dize: Eu mesmo não posso lograr, para mim, mais benefício nem mais prejuízo do que aquele que for da vontade de Allah. E se estivesse de posse do desconhecido, aproveitar-me- ia de muitos bens, e o infortúnio jamais me açoitaria. Porém, não sou mais do que um admoestador e alvissareiro para os crentes.” (Alcorao Sagrado, 7:188)
  • A tolerância do Islam na fé reconhece que Deus ordena a justiça entre todos os seres humanos, independentemente de suas religiões, cores, raças e classes. Deus, Exaltado Seja, diz: “Allah ordena a justiça, a prática do bem, o auxílio aos parentes, e veda a obscenidade, o ilícito e a injustiça. Ele vos exorta a que mediteis.” (Alcorao Sagrado, 16:90)
    A justiça é necessária com o próximo e o distante como Deus, Exaltado Seja, diz: “Quando sentenciardes, sede justos, ainda que se trate de um parente carnal, e cumpri os vossos compromissos para com Allah. Eis o que Ele vos prescreve, para que mediteis.” (Alcorao Sagrado, 6:152)
    E a justiça é necessária em caso de satisfação e insatisfação tanto para com os muçulmanos como não muçulmanos, Deus, Exaltado Seja, diz: “Que o ressentimento aos demais não vos impulsione a serdes injustos para com eles. Sede justos, porque isso está mais próximo da piedade.” (Alcorao Sagrado, 5:8)
  • A tolerância do Islam no campo da fé. Os muçulmanos acreditam que Deus honrou todos os seres humanos de diferentes religiões, cores, raças e classes em muitas das suas criaturas. Deus, Exaltado Seja, diz: “Enobrecemos os filhos de Adão e os conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamo-los com todo o bem, e os preferimos enormemente sobre a maior parte de tudo quanto criamos.” (Alcorao Sagrado, 17:70)
    Jabir Ibn Abdullah )que Allah esteja satisfeito com ele( relatou que um funeral passou por eles e o Profeta s se levantou, e nós nos levantamos com ele. Dissemos a ele: “Ó Mensageiro de Deus: é o funeral de um judeu” Ele disse: “Se vocês veem um funeral levantem em respeito” (Compilado por Bukhari e Musslim)

A Tolerância do Islam Quanto à Legislação

  • A legislação é um método que o ser humano segue para atingir objetivos ou alcançar resultados que deseja. Para que o ser humano possa alcançar os seus objetivos o método que ele segue deve ser claro, evidente, específico, fácil, possível de ser aplicado de acordo com as capacidades humanas. Este é o método do Islam na legislação. Vamos extrair um pouco da sua tolerância nesse aspecto:

    A tolerância do Islam no campo da legislação é que os textos são de fácil acesso. Deus, Exaltado Seja, diz: “Em verdade, facilitamos o Alcorão, para a admoestação. Haverá, porventura, algum que receberá a admoestação?” Alcorão Sagrado, 54:17
    Os textos são claros, sem confusão, nem equívocos. É direito de cada um que pertence a ele pedir o que constitui, ou o que está ocorrendo em sua mente, sem constrangimento. Mas não deu o direito de responder às perguntas sobre questões de religião, a qualquer um, porém, concedeu aos conhecedores e aos especialistas legais que estudaram os textos, compreendem o conteúdo e o seu objetivo, o direito de responder em relação a matéria de religião, e do que é relacionado a ela. Deus, Exaltado Seja, diz:

    “Perguntai-o, pois, aos adeptos da Mensagem, se o ignorais!” Alcorão Sagrado, 16:43
    E isso é correto. Por exemplo, quem ficar doente, procura o médico e não o engenheiro ou o agricultor. O Islam considera a opinião na questão religiosa, sem conhecimento e saber, um pecado grave, porque quem opinar na religião sem o conhecimento ou o saber pode liberar o ilícito, proibir o lícito, ou fazer perder o direito, causando constrangimento e desconforto. Allah, Exaltado Seja, diz: “Dize: Meu Senhor vedou as obscenidades, manifestas ou íntimas; o delito; a agressão injusta; o atribuir parceiros a Ele, porque jamais deu autoridade a que digais d‘Ele o que ignorais.” Alcorão Sagrado, 7:33
    O Mensageiro de Deus esclareceu as consequências negativas de alguém que não está familiarizado com o conhecimento da religião. Ele certamente engana a si mesmo e aos outros. O Profeta s disse: “Deus não removerá o conhecimento de Seus servos, levando-os a esquecê-lo; em vez disso, o conhecimento seria perdido pela perda dos estudiosos, porque quando desaparecerem as pessoas estudiosas, o povo nomeará ignorantes como líderes, que irão imitir pareceres sem o conhecimento religioso. Assim, desencaminharão a si mesmos, e desencaminharão aos demais.” Compilado por Bukhari e Musslim
    No Islam não há questões misteriosas ou inexplicáveis, em que se acredita sem questioná-las a não ser o que a mente humana não tem a possibilidade de entender dentre as questões invisíveis, que não foram explicadas para nós pelo nosso Senhor, Bendito e Exaltado Seja, porque os seres humanos não têm benefício em conhecê-las nem a fraca mente humana tem capacidade de percebê-las e absorvê-las. Deus, Exaltado Seja, diz: “Perguntar-te- ão sobre o Espírito. Responde-lhes: O Espírito é um dos comandos do meu Senhor, e só vos tem sido concedida uma ínfima parte do saber.” Alcorão Sagrado, 17:85.
    E Deus, Exaltado Seja, diz: “Interrogar-te- ão acerca da Hora: Quando será? Com quem estás tu (envolvido), com tal declaração? Só ao teu Senhor incumbe tal conhecimento. Tu és somente um admoestador, para quem a (hora) teme. No dia em que a virem, parecer-lhes- á não terem permanecido no mundo mais do que um entardecer ou um amanhecer do mesmo.” Alcorão Sagrado, 79:42-46
    Tudo o que vai nos beneficiar em termos de conhecimento relacionado com o mundo metafísico já foi explicado pelo nosso Senhor, Bendito e Exaltado Seja, nas palavras do Profeta s, como o Paraíso, o Inferno, o Juízo, as histórias das nações anteriores com seus profetas para que possamos refletir sobre o que aconteceu com elas. Deus, Exaltado Seja, diz: “Por isso, tenho-vos admoestado com o fogo voraz, em que não entrará senão o mais desventurado, que desmentir (a verdade) e a desdenhar. Contudo, livrar- se-á dele o mais temente a Allah, que aplica os seus bens, com o fito de purificá-los, e não faz favores a ninguém com o fito de ser recompensado, senão com o intuito de ver o Rosto do seu Senhor, o Altíssimo; e logo alcançará (completa) satisfação.” Alcorão Sagrado, 92:14-21
  • A tolerância do Islam na legislação. Os textos islâmicos são Divinos e colocados pelo Criador, Glorificado e Exaltado Seja, perante governante e governado, rico e pobre, nobre e ignóbil, branco e negro. Não é dado a quealquer pessoa, não importa quão elevada a sua posição e superior a sua dignidade, de contrariá-los. Deus, Exaltado Seja, diz: “Não é dado ao crente, nem à crente, agir conforme seu arbítrio, quando é Allah e Seu Mensageiro que decidem o assunto. Sabei que quem desobedecer a Allah e ao Seu Mensageiro desviar-se- á evidentemente.” Alcorão Sagrado, 33:36
    Allah ordenou que todos devem respeitá-los e aplicá-los quer pelo governante ou pelo governado. Deus, Exaltado Seja, diz: “A resposta dos crentes, ao serem convocados ante Allah e Seu Mensageiro, para que (estes) julguem entre eles, será: Escutamos e obedecemos! E serão venturosos.” Alcorão Sagrado, 24:51.
    Ninguém no Islam tem autoridade absoluta, inclusive o chefe do Estado. Ele está sujeito às leis como qualquer outra pessoa. E esta é a beleza e a tolerância do Islam na legislação. Ninguém pode oprimir ou transgridir estas regras e limites. Se isso acontecer com o governante, não se deve obedecê-lo, conforme às palavras do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz): “O muçulmano deve ouvir e obedecer no que gosta e não gosta, a não ser que seja ordenado a cometer pecado. Em tal caso, não há obediência.” Compilado pelo Bukhari
    Com isso, o Islam preserva os direitos, as liberdades públicas e privadas e afasta as fontes da legislação dos caprichos dos legisladores inadequados, porque sua legislação é produto de caprichos pessoais regionais. Mas, em relação a outras questões parciais, a legislação islâmica nada mencionou a seu respeito para deixar a porta aberta perante os muçulmanos de estabelecerem regras e regulamentos apropriados para cada situação, conforme o interesse público, em cada tempo e lugar, desde que essas regras e regulamentos não sejam incompatíveis com os princípios fundamentais do Islam e suas regras.
  • A tolerância do Islam na legislação é que suas Leis Divinas e seus ensinamentos não são suscetíveis a alterações ou mudanças. Elas são absolutas para todos os tempos e lugares. Ao contrário das Leis feitas pelos seres humanos limitados, suscetíveis a mudanças, desatualização, e vulneráveis ​​aos efeitos que os cercam, de cultura, hereditariedade e meio- ambiente. São Leis estabelecidas pelo Criador de toda a criação, o Onisciente, o Sapientíssimo, adequadas às suas condições, e servem para seus assuntos. Não é dado a nenhum ser humano o direito, por mais alta que seja a sua posição, ou mais elevada a sua função, de opor-se a elas ou alterar algo que Deus prescreveu, aumentando ou diminuindo, uma vez que elas preservam os direitos de todos e estabelecem um método de facilidade e tolerância. Deus, Exaltado Seja, diz:

    “Anseiam, a caso, o juízo do tempo da ignorância? Quem é melhor juiz do que Allah, para os persuadidos?”75 Alcorao Sagrado, 5:50
  • A tolerância do Islam na legislação, é que o Islam não tem poderes espirituais independentes, como aqueles poderes que são dados aos membros do clero das outras religiões porque o Islam veio demolir o que era adotado como intermediário entre Deus e Seus servos. Os politeístas tinham o vício de adotar intermediários na adoração. Deus, Exaltado Seja, conta sobre eles: “Não deve, porventura, ser dirigida a Allah a devoção sincera? Quanto àqueles que adotam protetores, além d’Ele, dizendo: Nós só os adoramos para nos aproximarem de Allah, Ele os julgará, a respeito de tal divergência.” Alcorao Sagrado, 39:3
    O Glorificado e Exaltado Seja, informou a realidade dos intermediários e que eles não beneficiam nem prejudicam, e de nada lhes valem, uma vez que são criaturas como eles. Deus, Exaltado Seja, diz: “Aqueles que invocais em vez de Allah são servos, como vós. Suplicai-lhes, pois, que vos atendam, se estiverdes certos!” Alcorao Sagrado, 7:194
    O Islam salienta que cada indivíduo tem uma ligação direta com Deus. Não há intermediários entre nós e Ele. Essa ideia se baseia na fé absoluta n’Ele, e se recorre somente a Ele na satisfação das necessidades, no pedido de perdão e de ajuda diretamente d’Ele, sem intermediário. Quem comete pecado deve erguer as mãos e rogar a Deus e pedir-Lhe perdão em qualquer lugar, a qualquer tempo e em qualquer situação. Deus, Exaltado Seja, diz: “E quem cometer uma má ação ou se condenar e, em seguida (arrependido), implorar o perdão de Allah, sem dúvida achá-Lo- á Indulgente, Misericordiosíssimo.” Alcorao Sagrado, 4:110
    E Deus, Exaltado Seja, diz: “E o vosso Senhor disse: Invocai- Me, que vos atenderei!” Alcorao Sagrado, 40:60
    Não há no Islam autoridades religiosas que permitem, proíbem, perdoam e se consideram agentes de Deus sobre Seus servos, legalizando e orientando suas crenças, perdoando as pessoas e ingressando quem quiserem no Paraíso, e privando quem quiserem dele. No entanto, o direito de legislação é somente de Deus, o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse a respeito da interpretação das palavras de Deus, Exaltado Seja: “Tomaram por senhores seus rabinos e seus monges em vez de Allah”: Alcorão Sagrado, 9:31
    “Como eles não os adoravam, uma vez que quando (os rabinos e monges) lhes permitiam algo eles o aceitavam e quando o proibiam eles o proibiam!” (Compilado pelo Tirmizi)
  • A tolerância do Islam na legislação é o sistema de Chura (de consulta mútua). Isto para tornar coletivas as questões relacionadas com os interesses do grupo, entre os membros da comunidade de modo que não haja prioridade aos interesses pessoais sobre os do grupo. Diz-se que o pensar de várias cabeças é melhor do que o pensar de uma só mente. Deus, Exaltado Seja, diz: “Pela misericórdia de Allah, foste gentil para com eles; porém, tivesses tu sido insociável ou de coração insensível, eles se teriam afastado de ti. Portanto, indulta-os, implora o perdão para eles e consulta-os nos assuntos (do momento).” Alcorão Sagrado, 3:159.
    A tolerância do Islam na legislação abre a porta da diligência em matérias não mencionadas no Alcorão e na Sunna. Isso por que o Islam é uma religião versátil, aceita a evolução, adequada para todo tempo e lugar. O Islam trouxe princípios e regras gerais, fundamentos e bases fixas, holísticas, que não mudam de acordo com a mudança do tempo ou lugar na crença e no culto, como a fé, a oração, o número de suas unidades e o horário de sua prática, o Zakat, seus valores e sobre o que nele incide, o jejum, e seu tempo, a peregrinação e seu método, tempo e as penalidades, etc.. Na incidência de casos e assuntos novos devem ser submetidos ao Alcorão Sagrado. O que ele determina, deve ser adotado e ser deixado o resto. Se nada houver, devem ser submetidos aos ditos autênticos do Mensageiro de Deus . O que eles determinam, deve ser adotado e deixado o resto. Se nada houver, deve-se pesquisar e examinar as diligências dos sábios muçulmanos de todo tempo e lugar que servem ao interesse público e se ajustam aos requisitos da sua época e as condições de sua comunidade, consultando o Alcorão e a Sunna e apresentar o que é novo às regras da legislação geral tiradas do Alcorão e da Sunna para que não se choquem com eles. Não se visa com a diligência satisfazer os desejos e as paixões, mas chegar ao que é útil para os seres humanos sem oposição ou conflito com um texto legítimo. Assim, o Islam acompanha cada época e caminha com as necessidades de cada comunidade.
  • A tolerância do Islam na legislação é fechar a porta de extremismo e fanatismo na religião, proibindo o exagero de acordo com as palavras de Deus, Exaltado Seja: “Allah vos deseja a comodidade e não a dificuldade.” Alcorão Sagrado, 2:285
    O Profeta s disse: "Cuidado com o extremismo na religião, pois povos anteriores a vocês foram destruídos por causa do extremismo". Compilado por Imam Ahmad, pelo Nassá-i e autenticado pelo Albani

    O Profeta Mohammad s considerou o extremismo, o exagero e o fanatismo na religião, afastamento de sua Sunna e orientação. Anas Ibn Málik (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que três homens foram à casa do Profeta s inquerindo pelos atos dele quanto ao culto. E, uma vez informados, aquilo lhes pareceu insuficiente, e disseram:

    “Não estamos em condição de compararmo-nos ao Profeta, pois que lhe foram perdoadas as faltas, tanto anteriores como posteriores.” Um deles disse: “O que farei será levantar-me durante a noite, em oração, durante toda a vida.” O segundo disse: “E eu jejuarei durante o dia pelo resto da minha vida.” O terceiro disse: “Eu privar-me- ei de relacionar-me com as mulheres, e jamais me casarei.” Mais tarde, o Mensageiro de Deus disse: “Foram vocês que disseram isto e aquilo? Se for assim, juro por Deus que sou o que mais teme a Deus e o mais devoto; mesmo assim, observo o jejum e o quebro (nos dias em que o jejum não é obrigatório), e me levanto para orar à noite, mas também me deito, e também me caso com as mulheres. Então, quem se recusar a seguir o meu exemplo não será dos meus.” (Compilado pelo Bukhari)


    O Mensageiro de Deus fez questão de orientar seus companheiros para o caminho da moderação, de modo a mantê-los longe do caminho do exagero e de extremismo. Abdullah ibn 'mr ibn al-‘Aas (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que o Mensageiro de Deus lhe disse: “Fui informado que você jejua diariamente e fica praticando orações durante toda a noite.” Eu disse: “Isto é verdade, ó Mensageiro de Deus.” Ele disse: “Não faz isso. Você deve jejuar e quebrar o jejum, rezar durante a noite e dormir, pois o seu corpo tem direito sobre você, o seu olho tem direito sobre você, a sua esposa tem direito sobre você, os seus visitantes tem direito sobre você. É suficiente jejuar três dias a cada mês, uma vez que o valor de cada um é o décuplo, e isso equivale a jejuar todo o mês e como tal é como jejuar por toda a vida. Eu insisti e ele também insistiu. Eu disse: “Ó Mensageiro de Deus, eu sou forte o suficiente para fazer mais do que isso”. Ele disse: “Então, jejua como o Profeta Davi (a paz esteja com ele) jejuava, e nada acrescenta a isso.” Perguntei: “Ó Profeta de Deus, como o Profeta Davi jejuava?” Ele disse: “Em dias alternados.” Quando Abdullah ficou mais velho, dizia: “Eu deveria ter aceitado a concessão dada pelo Profeta s." (Compilado pelo Bukhari) The Prophet s also said: “Whoever fasts daily throughout his life is just as the one who does not fast at all.” (Bukhari)
    Isso não quer dizer que o Islam estimula buscar os prazeres desta vida e se ocupa com seus desejos e prazeres sem controle. Em vez disso, o Islam é uma forma moderada de vida, que combina a vida religiosa com a vida secular, sem inclinar-se a um lado nem ao outro. Ele ordena o equilíbrio entre corpo e espírito. Ordena o muçulmano, em caso de sua ocupação em assuntos do mundo de se lembrar das necessidades espirituais, cumprindo o que Allah lhe ordenou de adoração. Deus, Exaltado Seja, diz: “Ó crentes, quando fordes convocados para a Oração da Sexta-feira, recorrei à recordação de Allah e abandonai os vossos negócios; isso será preferível, se quereis saber.” Alcorão Sagrado, 62:9
    E pediu-lhe em função das necessidades da pessoa de lembrar- se das exigências de sustento. Deus, Exaltado Seja, diz: “Porém, uma vez observada a oração, dispersai-vos pela terra e procurai as graças de Allah.”88 Alcorão Sagrado, 62:10
    Ele ajustou o desfrutar das coisas boas e evitar o desperdício, cujos danos são óbvios ao corpo e ao físico. Deus, Exaltado Seja, diz: “Comei e bebei; porém, não vos excedais, porque Ele não aprecia os que se excedem.” Alcorão Sagrado, 7:31
    Para mostrar que não há discórdia entre as exigências da religião e das coisas mundanas, Deus, Exaltado Seja, diz: “Não sereis censurados se procurardes a graça do vosso Senhor (durante a peregrinação). Quando descerdes do monte Arafat, recordai-vos de Allah perante o Monumento Sagrado, e recordai-vos de como vos iluminou, ainda quando éreis, antes disso, dos extraviados.” Alcorão Sagrado, 2:198

  • A tolerância do Islam na legislação é que o muçulmano, quando teme a morte ou que algum mal lhe suceda é lícito para ele comer ou beber o que Deus proibiu de carniça, ou de sangue, ou da carne de porco, ou tomar bebida inebriante, para se sustentar e permanecer vivo, de acordo com as palavras de Deus, Exaltado Seja: “Ele só vos vedou a carniça, o sangue, a carne de suíno e tudo o que for sacrificado sob invocação de outro nome que não seja o de Allah. Porém, quem, sem intenção nem abuso, for impelido a isso, não será recriminado, porque Allah é Indulgente, Misericordiosíssimo.” (Alcorão Sagrado, 2:173)
    Sayid Qutb (que Deus tenha misericórdia dele) disse na interpretação deste versículo: É o conjunto de Leis e crenças que reconhecem o ser humano como ser humano, não um animal, não um anjo, ou um diabo. Reconhece-o como ele é, com tudo que possui de debilidade, de força e o toma como unidade formada de corpo com desejos e de mente com predestinação e espírito com anseios, encarregando-o com que pode suportar e leva em conta a coordenação entre o encargo e a energia sem desconforto nem coerção.
    Faz parte da tolerância do Islam o fato de as boas ações serem duplicadas muitas vezes, porém, pelas más ações o autor só é castigado tal qual. Deus, Exaltado Seja, diz: “Quem tiver praticado o bem receberá o décuplo pelo mesmo; quem tiver cometido um pecado receberá um castigo equivalente, e não serão defraudados (nem um, nem outro).” (Alcorão Sagrado, 6:160)